domingo, 10 de novembro de 2013

Namoro de antanho




NAMORO DE ANTANHO
Sílvia Mota



À janela da donzela habitava tanto sonho,
pois antevia nas ruas muito ardor e emoção!
Somente ela sabia, somente ela sentia, quão bisonho
e sedutor o delírio escondido num canto do coração...

Rosto rúbio, bem formosa, baton vermelho na boca,
corpete justo à cintura de rendas feitas a mão,
espreitava todo dia vestido cobrindo a pernoca,
o moço do terno branco – a saudar - chapéu na mão!

Olhavam pra todo lado certificando-se, então,
se o pai feroz, ciumento, não assistiria ao enlevo
de quem recebe do amado, tal qual numa aparição,
rosa vermelha, prenúncio de um pecado em relevo...

Promessa de se casar sanava qualquer pensamento,
mas beijar, somente em sonho... e se soubessem sonhar!
De tudo - só permitido - de mãos dadas caminhar!

Só pura e pura emoção! Nem de longe o advento
do “Ficar”, furor de boca, do agarrar, sentir tesão!
Fetiche era engrandecer o sonho vivido ao portão!



Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Cabo Frio, 16 de outubro de 2009 – 22h41


 
NAMORO DOS VELHOS TEMPOS
Marcial Salaverry



Naquele tempo d'antanho,
para uma linda mulher cortejar,
era preciso com jeito se aproximar,
docemente sua mão beijar,
sem deixar o olhar desviar...
E mostrando sinceridade no olhar,
olho no olho encarar,
e seu amor insinuar,
com um ligeiro piscar...
Quando beijava a mão,
abalava o coração...
os lábios, deixava-se
fazer um leve roçar,
era o que se permitia...
Depois, enlaçando-a pela cintura,
e levando-a pelo salão,
olhando-a com ternura...
E então, acompanhando o som do bolero,
pelo salão a deslizar,
e com o amor sonhar...
Com os olhos fechados,
permitia-se um roçar de lábios
no lóbulo da orelha...
palavras de amor murmurando,
Assim se conseguia conquistar,
fazer uma namorada se apaixonar...
Saudosos tempos que não voltam jamais...
Quanto a "ficar",
ficava-se apenas de mãos dadas a namorar...



Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz e Marcial Salaverry

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